A natureza dela
exposta
posta em
descanso,
me tira
o sono.
Sento e
considero
mante-la
do jeito que
está.
Deitada de costas,
lisa
e desenhada de branco.
Intraduzível,
faz sem querer.
É. sem querer ser,
apesar de gostar
do que é.
Procuro deixar
que seja,
alimentando nela
o que me arrebata.
Busco que me tire
do chão
mesmo que me
segure no pescoço
no alto, no ato de
elevá-la.
Mesmo que
ao
contrário.
Não me importo
que ande sobre
o passeio que
criei em mim
para agradá-la.
Afinal
quando a vi, me
vieram
algumas palavras...
Betinho Matuszewski
Éramos parceiros,
e as garotas
gostavam de
nos visitar
e
sempre travamos
todas
muito bem.
Recém separado,
estava disposto a
experimentar a
vida que não
tive.
Queria testar a
capacidade que
ela,
insistia em
julgar que
eu
tinha.
Imaginava
onde
se
escondiam
tantas mulheres.
De onde
ela
tirava tanta
possibilidade
de
sexo.
Me imaginava
transando
com pelo menos
duas
destas.
Talvez
nem ela
me achasse
mesmo capaz disso
e
apenas justificava seu
forte problema de
carência afetiva
me
acusando,
através da
própria insegurança.
Não deu muito certo,
passei a agir
como um cachorro de
rua
daqueles que
correm
latindo
atrás dos carros
que
quando param,
o idiota do
animal
não faz nada.
Betinho Matuszewski
Tudo que
eu
precisava
era de
um limão.
O resto
eu tinha.
No lugar da
cachaça podia
ser
álcool mesmo,
pois pensar
em
vodca
seria um luxo
do qual
não me
permitia
para
não aumentar
a
frustração.
Faltava o limão.
Álcool com água
e
açúcar somente,
não dá.
O limão torna
o gosto
menos insuportável.
É
só deixar o limão
bem
concentrado
e
botar
um pouco mais
de
açúcar que
o gosto fica
inexplicável. Melhor.
Na verdade
o gosto
que
fica é tão repugnante
que
a reação que se tem
é unicamente
o
desespero de
tentar distinguir
o
que tem ali.
Homogeniza a
curiosidade a
ponto de
distrair qualquer outra,
como identificar
o
que é álcool,
o que é água,
e
onde está o limão,
aquele limão
verdinho
e
cheiroso
que
poderia muito bem ter
virado uma limonada
ou
coisa melhor.
O
bom de
tudo foi
ver
que
na vida
é
preciso ter sorte
até
pra ser um
limão.
Betinho Matuszewski